Águias.
Qual é a imagem que surge no teu subconsciente?
A do Benfica?
Aquela que simboliza os EUA?
Com certeza não esta.
Ainda.
Todos nós conhecemos os BRICS.
Muito se tem falado na comunicação social desta designação desde que Jim O’Neill, economista-chefe da Goldman Sachs, a cunhasse em 2001 como BRIC, antes da inclusão da África do Sul… Até que os próprios países visados se sentiram identificados com essa designação, e dediciram dar-lhe forma…. Primeiro Cimeira dos Chefes de Estado ou de Governo dos BRIC em 2009, alargamento aos BRICS com a referida inclusão da África do Sul em 2011, acordo político para a constituição de um Banco comum de Desenvolvimento em 2013…
Por analogia ao termo BRICS, muitos outros autores têm tentado acunhar outras terminologias, com maior ou menor sucesso.
Já em fevereiro tinhamos referido no nosso blogue a nova designação cunhada pelo The Wall Street Journal de”novos tigres”, para se referir às duas economias emergentes em cada um dos continentes: a Colômbia e o Perú na América, a Polónia e a Turquia na Europa, o Uganda e o Gana em África, e as Filipinas e a Indonêsia na Ásia.
A meu ver, uma nova terminologia merece especial referência pela sua genialidade.
Em 2010, o departamento de research do BBVA cunhou o termo EAGLEs (águias), como acrónimo de Emerging and Growth Leading Economies, para se referir àquela economias emergentes com uma previsão de crescimento do seu contributo para o produto mundial nos próximos dez anos que supere o contributo da economia do G7 menos dinâmica.
Para além de ser um termo muito mais apelativo, transmitindo uma imagem muito mais gráfica do dinâmismo que os países visados apresentam, permite vários jogos de palavras.
EAGLEs constitui-se como um grupo dinâmico, do qual os países podem entrar e sair consoante as consequências das decisões económicas e políticas tomadas na sustentabilidade do seu potencial de crescimento.
Os candidatos a serem EAGLEs recebem a designação de NEST (ninho) e passam a ser objeto de monitorização, tendo em vista o potencial de vir a transformar-se em águias.
Se considerarmos o histórico das duas últimas décadas, de rápida convergência entre o peso das economias emergentes e desenvidas no PIB mundial, só podemos concluir que conceitos estáticos há muito que deixaram de se adequar à realidade. A análise conduzida pelo departamento de research do BBVA constitui-se de forma alternativa numa abordagem simultâneamente dinâmica, flexível e robusta. O panorama das economias emergentes e das suas oportunidades de investimento, pelo seu dinamismo e rápida evolução, não devem limitar-se aos BRIC.
A designação de quais os países que fazem parte de cada um dos grupos é revista anualmente e atualizada trimestralmente, com a publicação das perspetivas de crescimento do EAGLEs Economic Outlook.
Em 2013, nove economias cumpriam os critérios necessários para serem consideradas águias. Cinco delas asiáticas. Mais duas parcialmente asiáticas. China, Índia, Indonésia, Brasil, Coreia do Sul, Turquia, México e Taiwan.
Segundo o BBVA, estas águias deverão representar 57% do novo PIB mundial acrescentado entre 2012 e 2022. Muito aquém do 17% que deverá ser acrescido ao PIB mundial pelos países do G7.
Outras catorze economias eram classificadas como pintinhos. Seis delas asiáticas. Nigéria, Tailândia, Colômbia, Vietname, Malásia, Polónia, Bangladesh, África do Sul, Filipinas, Peru, Argentina, Paquistão, Chile (nova cria em 2012), e Egito (encolhida de águia a cria também em 2012).
Segundo o BBVA, as crias deverão representar cerca de 10% desse novo PIB, valor análogo ao PIB acrescido pelos EUA.
Já referia esta semana a Grant Thornton para olharmos para além dos BRICS.
Tendo por base inquéritos a empresários em 44 economias emergentes e em desenvolvimento, esta consultora internacional divulga um índice dos países com maior otimismo para fazer negócios. A tabela é liderada pelo Peru, seguido das Filipinas, Emirados Árabes Unidos, México e Chile. Pela primeira vez desde que começou a compilar estes dados, há dez anos atrás, nenhum BRICS se encontra no top cinco. Índia em sexto, Rússia em décimo primeiro, África do Sul em décimo segundo, Brasil em décimo quarto e China num surpreendente vigésimo terceiro lugar.
Uma otra consultora, PriceWaterHouseCoopers, divulgava recentemente uma publicação com o título The World in 2050: The BRICS and Beyond. Concluia que o ritmo médio de crescimento das economias emergentes será mais do dobro daquele observado nas economias desenvolvidas. China, EUA e Índia seriam as maiores economias do mundo, seguidas pelo Brasil. Cinco das seis economias com maior crescimento entre 2010 e 2050 (em paridade do poder de compra) serão asiáticas: para além da Nigéria, a China, a Índia, a Indonésia, a Malásia e o Vietname. Já em 2020, e também em paridade do poder de compra, as economias do denominado E7 (as sete maiores economias emergentes do mundo: Brasil, Rússia, Índia, China, Indonésia, México e Turquia) deverão ultrapassar a dimensão conjunta das economias do G7 (França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido, EUA e Canadá).
O mundo do século XXI será sem dúvida muito diferente do mundo do século XX.